Acidentes graves e fatais causados por choques elétricos em obras frequentemente resultam da ausência de projetos adequados, falta de adesão às normas, improvisações, carência de treinamento dos eletricistas na NR10, e no uso incorreto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), resultado da falta dessa certificação.
Em consonância com a campanha de 28 de Abril – O Abril Verde e o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. Bassili, o gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção) e Pampalon, consultor de Segurança do Trabalho da entidade, enfatizam que, na indústria da construção civil, os acidentes graves e fatais resultantes de choques elétricos estão entre os mais comuns. Eles representam cerca de 20% dos incidentes em canteiros de obras, ficando atrás apenas das quedas de trabalhadores (28%) e de acidentes com materiais (24%).
O departamento de Segurança Ocupacional do Seconci-SP está disponível para orientar as empresas de construção sobre as medidas a serem adotadas para evitar esses acidentes, e sobre os requisitos que devem ser impostos às empresas e profissionais que prestam serviços e fornecem materiais para instalações elétricas.
Além de causar danos físicos graves ou fatais aos trabalhadores, esses acidentes acarretam custos significativos para as empresas construtoras. Além dos encargos trabalhistas, impactam a funcionalidade dos equipamentos elétricos, prejudicando o progresso da obra. A falta de planejamento, por exemplo, podem resultar em superaquecimento dos fios, incêndios, sobrecarga e aumento no consumo de energia elétrica. Tudo isso resulta em prejuízos financeiros consideráveis”, afirmam os especialistas.
Com base na norma regulamentadora – nr 10 aqui estão algumas das principais recomendações de Bassili e Pampalon para prevenir esses acidentes em canteiros de obras:
Os Eletricistas devem possuir formação adequada e passar por um curso de segurança com duração mínima de 40 horas. Este curso também inclui treinamento em primeiros socorros, capacitando os profissionais a realizar RCP (Ressuscitação Cardiopulmonar) e salvar vidas. Trabalhadores que desempenham funções elétricas sem esta formação adequada, como os “pedricistas” (pedreiros que também realizam tarefas elétricas), representam um grande risco. Eletricistas devem passar por treinamento de reciclagem a cada dois anos.
Instalações elétricas temporárias em obras devem ser projetadas e executadas com cuidado. O fato de serem temporárias não justifica a precariedade das instalações.
Projetos superficiais ou ausentes não são aceitáveis. Projetos e instalações devem estar em conformidade com as normas técnicas e ser adequados para ambientes úmidos ou molhados, sem improvisações. Detalhes como aterramento elétrico adequado, conforme as normas técnicas vigentes devem ser observadas.
Os EPIs corretos devem ser utilizados de forma adequada, com base no aprendizado no curso de nr10. Por exemplo, há luvas isolantes específicas para cada voltagem. É necessário realizar ensaios anuais desses equipamentos para garantir sua qualidade.
Materiais elétricos devem ser adquiridos apenas de fornecedores confiáveis e devem atender às especificações das normas técnicas, incluindo características como isolamento duplo em cabos. Produtos baratos, mas não conformes, não devem ser utilizados, e é fundamental evitar o uso de improvisações, como fios de abajur.
Empresas terceirizadas devem ser avaliadas antes da contratação. Elas devem apresentar um Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Atestados de Saúde Ocupacional (ASOs) que comprovem a aptidão de seus trabalhadores para as tarefas designadas, incluindo trabalho em altura. As informações fornecidas devem ser verificadas para evitar documentos falsificados.
A manutenção periódica das instalações temporárias deve ser realizada para prevenir falhas que possam resultar em choques elétricos. É importante verificar se os cabos estão protegidos contra impactos mecânicos e não obstruem a movimentação de pessoas, equipamentos e materiais no canteiro de obras.
A sinalização adequada nos locais de trabalho é essencial para alertar e identificar os pontos de perigo de choque elétrico.
O cumprimento das Normas Regulamentadoras e das Normas da ABNT já representa um grande avanço na prevenção de acidentes elétricos em obras, concluem os especialistas.
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